O baixo desempenho da economia está levando nós, brasileiros, a adaptarmos nossos orçamentos e a buscarmos alternativas para manter a qualidade de vida, produzir mais e com menor capacidade de investimentos. Com isso, é necessário que abramos os olhos para soluções viáveis que já estão disponíveis e que merecem nossa maior atenção. E temos visto, no cotidiano, surgirem ideias para baratear o transporte, a alimentação e até na educação. Mas, ao lado dos combustíveis, é o preço da energia elétrica um dos que mais pesa em nossos bolsos.
E para a questão energética, temos perdido a chance de ganhar dinheiro com o sol. Estamos desperdiçando uma grande oportunidade de melhorar nossa capacidade de produção, diminuir os custos de distribuição e impactar menos o bolso do empresário e do trabalhador neste importante quesito. Apesar de o nosso país ter registrado algum aumento no mercado de energia solar no Brasil, este acréscimo é pequeno perto do potencial do país, assim como o da nossa região.
Digo isso porque nosso país, apesar de ser o décimo mais bem colocado no ranking mundial de energia solar, atrás apenas de China, Israel, Áustria, Índia, Turquia, Alemanha, Japão, Estados Unidos e Austrália, ainda não usa sua grande capacidade. Segundo a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento/Departamento Nacional de Aquecimento Solar (Abrava/Dasol), há cerca de um milhão de estabelecimentos públicos, comerciais, industriais e residenciais que adotaram o mecanismo tecnológico voltado para a energia do sol. A maior fatia está no segmento residencial (66%), seguido pelas piscinas (17%). Para efeito de comparação, no Chipre e em Israel, 95% das casas usam aquecedores solares, realidade que atinge 35% dos lares austríacos.
Já demos um passo significativo para o melhor aproveitamento desta potencialidade desde que o Governo Federal recomendou que as moradias do programa habitacional Minha Casa Minha Vida (MCMV) sejam construídas com sistemas de aquecimento de água por meio da energia solar. Dados oficiais dão conta de que mais de 183 mil casas em todo o País foram beneficiadas com a instalação de Sistema de Aquecimento Solar (SAS) no MCMV. O fato é que o uso da energia solar para aquecer a água diminui a necessidade da utilização da energia elétrica, o que, além de ajudar à preservação do meio ambiente, reduz em até 30% o valor da conta de luz dos beneficiários do Programa. Segundo a Agência Sebrae, mais de 13 mil propostas referentes ao financiamento de imóveis residenciais com aquecimento solar no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país já foram recebidas até o momento.
Como exemplo de benefício da substituição do chuveiro elétrico pela energia solar térmica no aquecimento da água do banho, uma residência que têm, em média, consumo de 270 kWh/mês, com a substituição deixará de consumir cerca de 70 kWh/mês e, em um ano serão 840 kWh economizados, o que correspondente a cerca de R$ 745,00/ano poupados. Se considerarmos as tarifas com aumento adotado em 2015, essa economia vai para R$ 1.040,00/ano. Isso equivale a um décimo-quarto salário no final do ano. Para as empresas, estas cifras são muito superiores, o que ajudaria a não só pagar os funcionários, como também contratar outros. Temos potencial de ganhar dinheiro com o sol e este momento de instabilidade econômica é muito propício para que possamos começar a fazer a coisa certa.
*Sérgio Olher é executivo do setor de aquecimento solar de água na região
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